Dia do Orgulho LGBTQIAPN+: Entenda significado de cada letra e conheça histórias de quem se identifica com a sigla (2024)

Veja qual o significado de cada letra da sigla LGBTQIAPN+ 🏳️‍🌈

  • L-Lésbica: Mulheres atraídas afetivamente e sexualmente por mulheres

Ana Luísa Oliveira, mulher lésbica e arquiteta, mora em Águas Claras, no Distrito Federal — Foto: Foto: Arquivo Pessoal

Ana Luísa Oliveira mora em Águas Claras, no Distrito Federal, e se descobriu há pouco tempo como uma mulher lésbica. A arquiteta conta que cresceu em um ambiente religioso e conservador, então, demorou para entender o que acontecia com ela.

'"Eu lido com o preconceito dentro da minha família. Eu sei que eles estão aprendendo, mas eu já lido com o preconceito desde ali dentro e acho que isso vem me blindando para lidar com o preconceito do mundo do lado de fora [de casa], diz Ana Luísa Oliveira

Ana, que se entendia como bissexual, precisou da ajuda da ex-namorada – hoje uma das melhores amigas – para se entender como lésbica. Ana diz que por muito tempo teve vergonha de se orgulhar, e que fazia as coisas pautadas no que terceiros iriam pensar.

Atualmente ela diz que se sente "livre de amarras para ser ela mesma" e lidar com o preconceito diário.

"Eu estou lutando para ser quem eu sou e ninguém vai tirar isso de mim", conta a arquiteta de Brasília.
  • G-Gay: Homens atraídos afetivamente e sexualmente por homens

Caio Benevenuto Romão, homem gay e professor no Distrito Federal — Foto: Foto: Deva Garcia, Equipe de imprensa do Sinpro-DF

Caio Benevenuto Romão é um homem gay e professor da rede pública do Distrito Federal. Ele conta que se descobriu como hom*ossexual na adolescência quando percebeu que não tinha os mesmos interesses e atrações que os amigos.

Caio diz que sempre teve medo de se assumir por vir de uma família cristã. No ensino médio, quando se mudou de cidade, conta que se livrou dos dogmas religiosos e conheceu outros homens gays, já que estava vivendo em um ambiente "mais diverso".

Com o tempo, Caio diz que criou coragem "para se assumir" para a família que, mesmo diante das crenças religiosas, o apoiou.

"No começo eles tinham medo do preconceito que eu poderia sofrer. Mas, com o passar dos anos, o medo se tornou ação e eles passaram a lutar ao meu lado contra o ódio e o preconceito", diz o professor.

Em sala de aula, Caio trabalha por um ambiente mais acolhedor e inclusivo para que "os alunos sejam eles mesmos". O servidor público também faz parte do Coletivo LGBTQIA+ do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) que trabalha pelos direitos da comunidade.

"Amamos, trabalhamos, estudamos, e só queremos ter o direito à vida, assim como todos ", diz Caio ao falar sobre a luta pelo orgulho e contra o preconceito.

Fernanda Branco, mulher bissexual e estudante de psicologia no Distrito Federal — Foto: Foto: Arquivo Pessoal

Segundo pesquisa do IBGE, o Distrito Federal tem proporcionalmente a maior população do país que se declara bissexual. De acordo com o instituto, 1,8% da população se entende como hom*o ou bissexual, ficando acima da média nacional.

Fernanda Branco, é uma mulher bissexual. Ela conta que quando tinha 10 anos começou a se sentir atraída por ambos gêneros, porém se sentia confusa, já que não tinha conhecimento sobre a bissexualidade.

Aos 14 anos ela assumiu para os pais e amigos que era bissexual e diz que foi acolhida "da melhor forma". Fernanda , que é estudante de psicologia, aponta que sente que a comunidade bissexual sofre muito preconceito.

A sua sexualidade não é entendida por muitas pessoas que, segundo ela, "duvidam de quem se diz bissexual".

"Acho que uma das coisas que mais atrapalha a autoaceitação do bissexual é a 'invalidade' dele perante todos", diz a estudante de psicologia
  • ⚧️T-Transexual: Não se refere a uma orientação sexual como as anteriores e sim com uma afirmação de gênero – uma pessoa trans é aquela que não se identifica com o sexo imposto no nascimento

Ella Nasser, mulher trans e artista — Foto: Foto: MEERRE RAW

Ella Nasser, é uma mulher trans. Ela mora na Asa Norte, em Brasília, e trabalha como DJ.

Ella conta que sempre soube que "não estava na caixinha da cisnormatividade". Mas quando se entendeu como mulher trans diz que sentiu-se "contemplada".

A artista é uma das pessoas trans que fogem da marginalização e que com o sucesso no trabalho combate o preconceito, a transfobia diária e busca motivos para ter orgulho. Mas admite que o processo, até se orgulhar de quem é, foi difícil – principalmente até conseguir ter uma "perfeita sincronia" entre corpo e mente.

"O orgulho é aquele grito que ficou preso dentro de si por anos, sendo sempre oprimido. Hoje, se espantam com a altura do nosso grito. A sociedade e os políticos podem nos ouvir e nos dar as políticas públicas e direitos que nos são de direito", diz Ella.
  • Q-Queer: Qualquer pessoa que não se encaixa nos padrões heterocisnormativos, da cisgeneridade e da heterossexualidade

Kael Gualdi, se identifica como pessoa queer, não binária e bissxexual. — Foto: Foto: Arquivo Pessoal

Por muito tempo o termo queer foi usado de forma pejorativa, como um insulto hom*ofóbico, algo como "estranho", a partir da tradução da língua inglesa. Mas ele foi ressignificado e atualmente é usado como forma de empoderamento quem se identifica com o termo.

Kael Gualdi, morador do Riacho Fundo II, trabalha como desenvolvedor de software e se identifica como uma pessoa queer. Além da letrinha Q, Kael se identifica como bissexual, trans e "não binárie".

Com 12 anos ele diz que já sabia que era bissexual. Mas conta que tinha medo de se assumir por na época ser uma menina.

Aos 18 anos, quando conheceu uma pessoa trans, diz que teve certeza que não era uma mulher e começou o processo de transição. Aos 28 anos, Kael explica que se sente livre para transitar tanto entre o gênero masculino como feminino se identificando como queer.

"Pra mim não foi difícil aceitar quem sou, sempre senti que não me encaixava no que esperavam de mim, tanto no gênero quanto na sexualidade. Eu apenas não sabia como descrever isso até ter conhecimento dos termos e conceitos. Quando tive esse conhecimento, foi como uma peça se encaixando na minha vida", conta Kael

Atualmente, com o apoio dos amigos e da família, Kael conta diz que o "colo" dessas pessoas ajuda a entender as situações de preconceito que vive. Sobre o processo de se orgulhar, reforça que isso se deve às pessoas que antes dele lutaram pelos direitos da comunidade LGBTQIAPN+

"É importante que aqueles que ainda carregam preconceitos dentro de si saibam que existimos, que estamos aqui, que não vamos nos esconder ou nos calar, não vamos nos envergonhar por não pertencer 'às caixinhas' que querem nos colocar", diz Kael.
  • I-Intersexo: Pessoas que nascem com características biológicas que são entendidas como masculinas e femininas. Essas características, genitálias e cromossômicas, podem ser identificadas no nascimento do individuo ou na puberdade

Vidda Guzzo, diretora de políticas da Intersexo Brasil — Foto: Foto: Arquivo Pessoal

Vidda Guzzo, é uma pessoa intersexo. Diretora de políticas da Intersexo Brasile, ela também é bolsista da Fiocruz, trabalhando na Secretaria Nacional LGBTQIA+ do com o Ministério de Direitos Humanos e Cidadania.

Por conta do preconceito, Vidda conta que sempre achou que fosse "uma pessoa doente". Ela foi submetida a cirurgias aos 6 anos de idade, por sua condição ser entendida como doença.

Ao descobrir a palavra intersexo e ouvir relatos de pessoas dessa comunidade, Vidda diz que se identificou.

"Me salvou descobrir que existia uma comunidade que estava sofrendo tudo que eu vivia, que estava apontando todas essas questões como violação de direitos humanos", diz Vidda.

Lidar contra as violências, para ela, "é uma luta coletiva e social para 'todes' conseguirem se apoiar e lutar contra o preconceito. Vidda reforça que a intersexualidade, não deve ser considerada uma doença já que as variações das características sexuais não apresentam nenhum dano a saúde.

  • A-Assexual: Pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas
  • P-Pansexual: Pessoas que se sentem atraídas afetivamente e sexualmente por todas as identidades de gênero.
  • N-Não Binárie: Pessoas que não se identificam com gênero masculino e feminino, podendo se identificar com os dois ou nenhum.

Nico Castelo Branco, não binárie e estudante de artes visuais em Brasília — Foto: Foto: Arquivo Pessoal

Nico Castelo Branco, se identifica como uma pessoa não binária. Estudante de artes visuais, conta que quando conheceu mais sobre a não binariedade teve a certeza que se encaixava nesse lugar, mas que levou um tempo até ter coragem de se assumir.

"Não tenha pressa, se descobrir leva tempo, e não é necessário ficar tentando achar um rótulo pra se encaixar. O mais importante é que você se sinta confortável consigo mesmo", diz Nico.

Saúde e Acolhimento da População LGBTQIAPN+ no DF🏠

O g1 selecionou locais que prestam serviços gratuitos à comunidade LGBTQIAPN+ no Distrito Federal. Eles vão desde atendimento médico e psicológico, até cursos de qualificação profissional.

🏳️‍🌈 Ambulatório de Diversidade de Gênero

O Ambulatório Trans, criado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, atende gratuitamente com consultas psicológicas, endocrinologistas e rodas de debates.

👉🏻Marque sua consulta pelo telefone: (61) 3242-3559

🏳️‍🌈 TransEmpregos

O projeto voltado para empregar profissionais transgêneros, atua de forma gratuita no Brasil todo. O objetivo é ajudar a procurar vagas ideais para pessoas trans, de acordo com as suas especialidades e formação profissional.

👉🏻 Clique aqui para acessar a TransEmpregos

🏳️‍🌈 Qualifique-se+

O Distrito Drag oferece cursos gratuitos de qualificação profissional para a comunidade LGBTQIA+. Entre os cursos, maquiagem, logística de eventos e canto.

Atualmente estão abertas inscrições para o curso gratuito de Animação de Eventos, que acontece nas terças e quintas do mês de julho.

🏳️‍🌈 Saúde Sem Preconceito: O Distrito Drag também presta atendimento de saúde mental para pessoas LGTQIA+, de forma gratuita e com psicólogos especializados. Novas vagas são abertas periodicamente.

🏳️‍🌈Grupo Estruturação: A ONG presta serviços de acolhimento à comunidade por meio de seminários, debates e eventos.

Dia do Orgulho LGBTQIAPN+: Entenda significado de cada letra e conheça histórias de quem se identifica com a sigla (1)

Entenda em um minuto: o que é 'queer'

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